João Silva é uma referência no mercado de locução brasileiro. Com 25 anos de carreira, sua voz já foi ouvida em campanhas nacionais para grandes marcas, documentários premiados e até mesmo sistemas de atendimento automático de diversas empresas.
Nesta entrevista exclusiva, João compartilha suas experiências e visão sobre o mercado:
Como começou sua carreira na locução?
João: Comecei na rádio, como muitos da minha geração. Trabalhava como locutor noticiarista em uma emissora do interior de São Paulo. Um dia, um cliente da rádio me ouviu e me convidou para gravar um comercial para sua loja. Daí em diante, comecei a receber mais convites e gradualmente fui construindo uma carreira como locutor publicitário.
Quais foram as maiores mudanças que você testemunhou no mercado ao longo desses 25 anos?
João: A tecnologia mudou tudo. Quando comecei, era necessário ir a estúdios profissionais para gravações, usando equipamentos caríssimos. Hoje, muitos locutores trabalham de casa com equipamentos acessíveis e entregam qualidade excepcional. Outra mudança foi o estilo de locução - saímos daquele padrão mais "anunciante" dos anos 90 para algo muito mais natural e conversacional hoje.
Como você se adaptou às novas tecnologias?
João: Foi um aprendizado constante. Investi em um home studio de qualidade gradualmente. Tive que aprender sobre microfones, interfaces, tratamento acústico e software de edição. No início contratava editores, mas logo percebi que precisava dominar esse aspecto também. A Internet também revolucionou a forma de conseguir clientes - hoje trabalho com pessoas de todo o Brasil e até do exterior.
Que conselho você daria para quem está começando na carreira de locutor hoje?
João: Estude! Não apenas técnicas de locução, mas interpretação, oratória, e principalmente aprenda sobre o mercado. Tenha um bom home studio, mesmo que comece com algo básico. Crie um portfólio diversificado. E trabalhe sua presença online - hoje, é essencial estar bem posicionado digitalmente. Por fim, respeite o mercado e seus valores - não desvalorize seu trabalho cobrando muito abaixo do mercado só para conseguir projetos.
Como você vê o futuro da locução com o avanço das vozes artificiais?
João: É uma preocupação válida, mas vejo mais como uma transformação do que um fim. Projetos mais simples e genéricos talvez sejam feitos por IA, mas tudo que envolver emoção, interpretação e nuances humanas continuará precisando de locutores reais. Além disso, alguém precisa treinar essas IAs - e quem melhor que locutores profissionais? Já vejo colegas vendendo suas vozes como modelos para IA e criando uma nova fonte de renda. É adaptar-se aos novos tempos.
João Silva continua ativo no mercado e agora também se dedica a mentorar novos talentos através de cursos online e presenciais.